quarta-feira, setembro 28, 2011

Admirável Sonho Novo, Capítulo 2

Um sonho sobre infância, avós e telhados.


Minha família é toda oriunda de Salinópolis ou Salinas (como todos a chamam). Meus pais e eu nos mudamos pra Belém quando em '87 ou '88, não sei ao certo, e lembro que sempre passávamos as férias na barraca dos meus avós (pais da minha mãe), um casal muito gente fina: Seu Olímpio e Dona Ermita. Nenhum de nós, netos, os chamava por "vô" ou "vó" ou "vovô" ou "vovó"... Eles sempre foram paizinho e mãezinha, sempre, até o fim...

Na madrugada do último dia 25 de agosto eu tive um sonho e lembrei que há muitos anos eu não sonhava com eles, o que me deu um saudosismo sem nome da minha infância, foi como pegar um grande bolo de infância, dar uma bocada, perder 20 anos e voltar à Praia do Atalaia de minha meninice.

O sonho foi mais ou menos assim...

Estávamos construindo um telhado, meu pai e eu, de uma casa com dois andares, mais estreita do que comprida, com um pé-direito bem alto e um telhado com duas águas. O sonho começa enquanto pregávamos os caibros do telhado, ele na cumeeira e eu no frechal, enquanto minha avó, sentada à uma cadeira de balanço no lado oposto ao que trabalhávamos, conversava conosco. Meu pai e eu tínhamos a aparência atual enquanto que ela mantinha a aparência da minha infância.
(parêntesis)
Meu avô ficou cego antes de eu nascer, devido à catarata, entretanto, no sonho, minha avó que era cega e não ele...
(fim do parêntesis)

Era quase fim de tarde e minha mãe subiu por uma escada externa pra anunciar que o café estava pronto, descemos para a merenda e minha avó ficou lá em cima. Apesar de ser fim de tarde, logo que desci a escada, já era noite alta e percebi que esquecêramos D. Ermita lá em cima. Voltei e encontrei a cadeira de balanço vazia, minha avó estava nos andaimes, em meio às madeiras do telhado, tentando, sem chance, descer de lá. Ajudei-a a descer dos andaimes e a levei para baixo.

Quando chegamos ao térreo, já não era mais a minha avó e sim o meu avô, Seu Olímpio, que estava comigo. E isso, no sonho, foi a coisa mais natural do mundo, era como se ambos fossem um só e pudessem assumir qualquer uma das duas formas. Ele não estava cego, só um pouco cansado. Fomos até à mesa onde meus pais já estavam comendo: café (sem leite) e tapioca com manteiga.

Uma delícia.





Imagem "Telhado003" de Riceles Araújo Costa, extraída do blog Riceles Araújo: Arquitetura e Feng Shui

segunda-feira, setembro 26, 2011

Pearl Jam - Last Kiss

Na minha sequência de músicas neurantes e que demoram semanas, meses e até (como no caso de "Polaroid") anos pra sair da minha cabeça, encontro-me agora com Last Kiss, do Pearl Jam que é, de longe, a versão mais conhecida da música originalmente composta por Wayne Cochran, com uma letra que é tão bela quanto séria.

Wayne Cochran inspirou-se no acidente ocorrido no dia 22 de Dezembro de 1962, sábado, véspera de Natal, em Barnesville - Georgia. Os jovens: Jeanette Clark e L. Hancok, que era o motorista, ambos com 16 anos e mais outros três amigos, estavam em um Chevrolet 1954 em intenso tráfego quando atingiram um caminhão que carregava madeiras. Clark, Hancok e mais um amigo morreram; os outros dois ficaram seriamente feridos. Cochran dedicou a música à Jeanette Clark.




Oh where, oh where, can my baby be?
The Lord took her away from me.
She's gone to heaven so I've got to be good,
So I can see my baby when I leave this world.
We were out on a date in my daddy's car,
We hadn't driven very far.
There in the road straight ahead,
A car was stalled, the engine was dead.
I couldn't stop, so I swerved to the right,
I'll never forget the sound that night.
The screaming tires, the busting glass,
The painful scream that I heard last.
Oh where, oh where, can my baby be?
The Lord took her away from me.
She's gone to heaven so I've got to be good,
So I can see my baby when I leave this world.
When I woke up, the rain was pouring down,
There were people standing all around.
Something warm flowing through my eyes,
But somehow I found my baby that night.
I lifted her head, she looked at me and said;
"Hold me darling just a little while."
I held her close I kissed her - our last kiss,
I found the love that I knew I had missed.
Well now she's gone even though I hold her tight,
I lost my love, my life that night.
Oh where, oh where, can my baby be?
The Lord took her away from me.
She's gone to heaven so I've got to be good,
So I can see my baby when I leave this world.



Fonte:
Last Kiss - Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível no link Last Kiss.
Vídeo "Pearl Jam Last Kiss - Live Francisco 2006 - HD", incorporado do Youtube.
Letra da música extraída de Letras.mus.br

terça-feira, setembro 20, 2011

Material de apoio / Apostilas / Provas e Gabaritos - ENEM

Pois bem, na iminência de mais uma prova do nosso queridíssimo Exame Nacional do Ensino Médio, vulgo ENEM, resolvi procurar algum material pra usar como referência rápida pra eventuais leituras com o propósito de relembrar alguns tópicos que estão meio empoeirados. Acabei encontrando um material bem interessante da Secretaria de Educação do Paraná. Abaixo seguem os links para os arquivos no Issuu:



Espanhol  |  Inglês  |  Literatura |  Língua Portuguesa  |  Redação
Matemática  |  Física
Biologia  |  Química
Filosofia  |  Geografia  |  História

Lista de leitura obrigatórias (PS 2012 - UFPa)

Provas e gabaritos de 2005 a 2010: Canal Vestibular do Brasil Escola

quinta-feira, setembro 15, 2011

Lendas e mitos sobre o Embuá (ou Ambuá)


Ontem à noite ouvi a Toph gritar e perguntei o que houve, a mãe disse "Ela tem medo de 'ambuá', e passou um aqui perto dela...". Achei demais engraçado e acabei lembrando de uma estória que o Sr. Cirilo Borges e Silva, também conhecido como meu pai, contou-me há muitos anos, nos tempos em que eu era apenas um infante, ela era mais ou menos assim:
Certa vez, Deus e Diabo entraram em uma contenda que, por decisão de ambos, seria decidida em uma prova de velocidade, ambos teriam que criar um animal para uma corrida. Os dias passavam e o Diabo estava decidido a vencer, passava horas a fio modelando e projetando o seu veloz corredor, enquanto Deus nem sequer ligava e/ou lembrava disso. O Diabo, pensando que duas patas seriam insuficientes para construir um hábil corredor, resolveu inovar e fez um animal com 50 pares de patas: o Ambuá!

(Parentesis)
Sempre chamei o pequeno artrópode de Ambuá, mas descobri há pouco (agora mesmo, em verdade) que a grafia correta é Embuá.
(Fim do parentesis)


Pois bem, o diabo consegui finalizar o Ambuá quase na hora da corrida. Dirigiu-se ao local marcado para a contenda e logo Deus chegou, de mãos abanando, sem nada. Foi quando o Diabo o questionou "Onde está o teu representante para a corrida?".

Deus, vendo que não poderia fugir ao compromisso, olhou pra um lado, olhou pro outro, pra baixo e nada, de repente viu um cipó pendurado em uma árvore, puxou-o, deu um nó na ponta, soprou e jogou no chão: era uma Cobra!

A disputa correu e, mesmo com todo a preparação do Diabo, o Ambuá não teve a mínima chance contra a Cobra, que venceu com ampla vantagem!

***

Deixando o imaginário um pouco de lado, os Embuás são animais pertencentes à classe dos diplópodes (ou milípedes), filo dos átropodes, são animais herbívoros e detritívoros, são ovíparos e reproduzem-se de forma sexuada, possuem respiração traqueal e um corpo cilíndrico divido em cabeça (com um par de antenas e um par de olhos), tórax (menor parte) e abdomen segmentado (parte maior), possuem um par de patas por segmento, que podem variar entre 20 e 100 (acho que esses maiores foram criados pelo Diabo mesmo!). Quando ameaçados, enrodilham-se fingindo-se de mortos ou repelem substâncias defensivas, como o cianeto de hidrogênio, mas são inofensivos a humanos.


A única lenda/mito paraense que conheço relacionada a tal criatura é a que lhes foi relatada anteriormente. Entretanto, segundo os relatos de David Figueiredo, em algumas áreas do Amapá, os embuás são considerados venenosos, "consumidores" de sangue humano e dizem, inclusive, causar gravidez em mulheres que estão no período menstrual.



Fontes
Diplópode - Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível através do link.
FIGUEIREDO, Davis. Os Embuás no Imaginário Popular. Recanto das Letras, disponível através do link.

Imagens
1 - "Cylinroiulus caeruleocinctus", foto de Darkone, retirada da Wikimedia Commons.
2 - "Embuá", foto de ®$ñå£ð¤, retirada do Panoramio.

segunda-feira, setembro 12, 2011

Tão perto e tão longe


Tão perto e tão longe.

Aquele borrão azul chamou-lhe a atenção e o trouxe de volta, foi quando, de imediato, quedou-se-lhe aquela sensação de doce familiaridade e então ele a viu: tão perto e tão longe.

Ela não percebeu que ele a observava. Aproximadamente vinte impossíveis passos os separavam. Vinte passos entre dois ônibus emparelhados rodando a 80 por hora. Impossível estar tão perto e tão longe.

Observou-a com uma angústia crescente pelo fato de não poder falar-lhe, tocar-lhe, beijar-lhe. Sentiu-se impotente. Fraco. Só. E ela estava lá. Tão perto e tão longe.

De um lado, um rosto singelo, com uma expressão desatenta. Do outro, o desespero. Ele poderia gritar, esbravejar, mas ela não ouviria. Sem chance. Tão perto e tão longe.

A eternidade contida naqueles míseros quinze segundos acabou quando ele, triste e abatido, conseguiu trocar um olhar, ou melhor, não chegou a ser um olhar, uma fração, um relance, um quase olhar, um borrão de contato visual. Um suspiro. Um gesto. Um sorriso. O alívio. A alegria e a tristeza. Tudo instantaneamente. Estavam lá: tão perto e tão longe.

Tão perto e tão longe.

sexta-feira, setembro 09, 2011

E lá se vão 15 anos...

Engraçado.

Engraçado não, em verdade, é curioso.

Hoje consegui um lugar sentado no ônibus, mesmo morto de sono, fiz uma coisa que eu adoro fazer: olhar as pessoas na rua e tentar imaginar quem elas são, onde trabalham, o que pensam, do que gostam, e por aí vai. Algumas coisas são facilmente perceptíveis, outras não.

E, nesse meu passatempo diferente, ocasionalmente vejo pessoas conhecidas pela rua. Quase sempre. Pessoas que eu conheço de ver nas paradas de ônibus, pessoas que eu conheço de fato e, como no caso de hoje, pessoas que eu conheci.

Quando o ônibus passou um pouco do Panorama XXI, vi um rosto conhecido e pensei: "Égua! Esse cara tá velhão!", em referência à espessa barba que ele trazia num rosto ríspido e com um olhar sério. Acho que o nome dele é Carlos Alberto, primo de uma garota chamada Eneida, estudamos todos na mesma sala durante as três (ou quatro) últimas séries do antigo "1º grau", na escola Santana Marques.

De imediato lembrei de vários outros amigos dessa época: Martha, minha irmã mais velha, que hoje mora em Salinas; Roni, com quem eu jogava fliperama (e mais dois que eu não lembro o nome); Ábia e Eduardo, um casal bem "diferente" pra época; Renato, com quem, uma vez, eu tive uma briga na oitava série, fomos levados à diretoria, cinco dias de suspensão mas, no ano seguinte, viramos grandes amigos em outra escola, o Cordeiro de Farias; Rafael, que era louco por dinossauros e foi o responsável por me apresentar a esse "jurássico mundo novo"; Akira Goto, o cara com o menor nome que eu já conheci (esse era todo o nome dele); Johhan (ou Johann), uma mistura doida, nome alemão com sobrenome japonês (Tadayeski), e acho que tinha também um Tavares no final;  Reinaldo, da galera da bola, que morava numa casa que mais parecia um sítio; Marcela, que era muito perseguida por ser feia, coisa que eu não achava, só a achava pouco feminina; Gláucia, que levava almoço pra escola; Joyce e Joyce, uma loira e uma morena, as duas mais belas da sala; Jean, com quem eu tinha uma eterna disputa pra ver que conseguia tirar mais notas 10; esses e vários outros que eu não lembro o nome.

Pensando nisso, lembrei de quando todos nos despedimos, no fim da 8ª série, e eu lembrei que isso foi no fim de 96, eu tinha então 13 anos. Sou particularmente afeito a números e foi como se, de imediato,  algo estalasse na minha cabeça: 15 anos!

Foi há 15 anos.

Lembrei de novo do rosto do Carlos Alberto e disse pra mim mesmo: "Ele não tá velho, nós estamos velhos!". 15 anos é muito tempo. É mais da metade da minha vida. Passei o restante da viagem pensando no que eu fiz nesses 15 anos. Trabalhei. Trabalhei. Salinas. Herly. Icoaracy. Yoshi (Gustavo) Unama. Processamento de Dados. Não trabalhei. Prouni. Faci. Paratur. Toph (Manuela).

E cá estou. Fiz tanta coisa, ainda quero fazer tanta coisa e agora me pergunto: será que o que fiz valeu a pena? Lembro-me do que li de Nietzsche: "Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal". Será que eu fiz tudo realmente com esse intuito? Será que fiz certo? Será que fiz errado? Será que fiz tudo com a tal "vontade de poder"? Será? E se? E se? E se...

Vale a pena refletir.

Acho que nunca saberei realmente... É como aquela propaganda do canal Futura: "Não são as respostas que movem o mundo. São as perguntas!"

segunda-feira, setembro 05, 2011

Um dia a maioria de nós irá se separar...

A todos os meus poucos amigos, dedico tais palavras...


"Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos...

Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre...

Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados...

Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo...

Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida!

A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos...

Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo...

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores... mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!!!"
Vinícius de Moraes





Foto: Guilherme Costa. Trapiche da praia do Laranjal em Pelotas/RS. Disponível no Flickr.