segunda-feira, setembro 12, 2011
Tão perto e tão longe
Tão perto e tão longe.
Aquele borrão azul chamou-lhe a atenção e o trouxe de volta, foi quando, de imediato, quedou-se-lhe aquela sensação de doce familiaridade e então ele a viu: tão perto e tão longe.
Ela não percebeu que ele a observava. Aproximadamente vinte impossíveis passos os separavam. Vinte passos entre dois ônibus emparelhados rodando a 80 por hora. Impossível estar tão perto e tão longe.
Observou-a com uma angústia crescente pelo fato de não poder falar-lhe, tocar-lhe, beijar-lhe. Sentiu-se impotente. Fraco. Só. E ela estava lá. Tão perto e tão longe.
De um lado, um rosto singelo, com uma expressão desatenta. Do outro, o desespero. Ele poderia gritar, esbravejar, mas ela não ouviria. Sem chance. Tão perto e tão longe.
A eternidade contida naqueles míseros quinze segundos acabou quando ele, triste e abatido, conseguiu trocar um olhar, ou melhor, não chegou a ser um olhar, uma fração, um relance, um quase olhar, um borrão de contato visual. Um suspiro. Um gesto. Um sorriso. O alívio. A alegria e a tristeza. Tudo instantaneamente. Estavam lá: tão perto e tão longe.
Tão perto e tão longe.
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