quinta-feira, março 31, 2011

Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley

Escrito em 1932, Admirável Mundo Novo é uma ficção muito... digamos... interessante, pra não dizer perturbadora. O livro mostra um futuro distópico, uma sociedade totalmente desprovida de qualquer ética ou valores religiosos e espirituais, tais como família, fidelidade, matrimônio, deus, etc... Um mundo regido pelos ensinamentos do "Nosso Ford" (do trocadilho inglês: Our Ford / Our Lord, Nosso Ford / Nosso Senhor).


Essa sociedade é vista como perfeita pelos seus idealizadores, uma sociedade onde não existe infelicidade, dúvidas, medos ou insegurança. É uma sociedade organizada por castas condicionadas geneticamente (alfa, beta, gama, delta e ípsilon), cada uma com funções sociais, direitos e deveres bem definidos numa escala de importância/relevância social.

Todas as pessoas são fabricadas em linhas de montagem pelo Estado (influência de Henry Ford). Além disso, o comportamento de cada um também é condicionado desde a infância, assim como a educação sexual, o que, para nós, seria visto como algo mais próximo à promiscuidade. Tudo isso para que todos vivam na mais completa harmonia uns com os outros e com as leis definidas. Todo e qualquer "desvio" dessa ordem é logo corrigido com o uso do SOMA, a droga perfeita, fabricada e distribuída pelo Estado.

Pois bem, tudo muito bom, tudo muito bem, até que alguém, Bernard Marx, um pouco descontente com essa realidade, em uma viagem, acaba econtrando um tal Sr. Selvagem, vivendo em uma reserva, um lugar onde algumas poucas pessoas que não foram assimiladas por essa distopia vivem de acordo com os "velhos costumes".

O grande ponto do livro é a perplexidade / assombro / assimilação (ou não) do Sr. Selvagem com o mundo que encontra, sim, pois ele é levado a esse Admirável Mundo Novo, os conflitos de valores pelos quais ele se depara, as paixões que ele alimenta, mas que vão de encontro às leis definidas pela sociedade e por aí vai.
Lembrei-me de uma passagem de Dostoiévski que leva à seguinte conclusão: "Não existindo Deus, tudo seria permitido?". A questão que esse livro levanta é justamente essa, "O cientificamente possível é eticamente viável?".

Fica a discussão. E também a dica e a recomendação da leitura.


Imagem: Fábio Zanetti

segunda-feira, março 28, 2011

O Arquiteto e a Chuva


Há algum tempo, conheci um arquiteto que tinha uma verdadeira adoração pela chuva de Belém. Ele não era daqui, veio do Centro (Goiás ou Brasília, não lembro ao certo), pra cursar arquitetura, formou-se, gostou da cidade, em especial do clima chuvoso, e decidiu ficar.

Sentia, pela chuva, o que se pode chamar de uma paixão louca, avassaladora, egoísta mesmo, dependia da chuva, das suas gotas, fossem grossas ou finas, rápidas ou duradouras, e queria que elas fossem pra sempre suas, mas a chuva, livre, independente, inconstante na sua constância amazônica, não entendia isso, não aceitava o gostar egoísta do arquiteto... Até que um dia, a chuva choveu sem ele.

E ele, do cume do seu patológico egoísmo, sentiu-se traído, abandonado, sozinho, pequeno e desprezado.


Desde essa vez, nunca mais apaixonou-se, ficou amargo e frio. Eventualmente ainda a encontra, mas não é mais a mesma coisa, não existem mais os banhos de chuva, as caminhadas na chuva das 3, os sonos embalados pelo barulho dela no telhado. Todo aquele amor virou ressentimento, congelou e endureceu, ficou diferente, e indiferente, sempre que a encontrava, esquiva-se, evitava-a, até que, por fim, esqueceu-a.

Hoje em dia, ambos dizem não sentir nada um pelo outro. Nem o arquiteto, nem a chuva. Dizem que são completos estranhos uns aos outros. Mas alguém que os conheça de verdade dirá, sem sombra de dúvida, que, no fundo, ainda se querem muito.


Imagens:
"Hora da chuva em belém PA", de Ney Marcondes via Olhares
"A Soldier's Life for Me" de Daniel Beadle

sexta-feira, março 18, 2011

Burlando o Megaupload

"Download limit exceeded"

Depois de semanas tentando baixar alguns arquivos hospedados no Megaupload, sem sucesso, pois aqui SEMPRE tem alguém baixando alguma coisa, resolvi correr atrás de alguma solução. Googuei e achei o site DownPremium, ele gera links para download de arquivos do Megaupload como se fossem uma conta Premium.

Primeiro, é só colar o link do megaupload na barra/caixa/coisa laranja onde diz "Introduce um enlace" e clicar em "Procesar Archivos"

O link premium aparece na parte de baixo da página.

Vai abrir uma janela com propagandas, basta clicar em "Skip Ad" e toma-te!

É só baixar...

DownPremium

quarta-feira, março 16, 2011

Uma pequena nota do subterrâneo

Nas lembranças de cada homem há coisas que ele não revelará para todos, mas apenas para seus amigos.

Há outras coisas que ele não revelará nem mesmo para seus amigos, mas apenas para si próprio, e ainda somente com a promessa de manter segredo.

Finalmente, há algumas coisas que um homem teme revelar até para si mesmo, e qualquer homem honesto acumula um número bem considerável de tais coisas. Quer dizer, quanto mais respeitável é um homem, mais dessas coisas ele tem.

Fiódor Dostoiévski, de Notas do Subterrâneo (1864).

terça-feira, março 15, 2011

Círio 2011



Nossa Senhora de Nazaré estilizada usando Corel Draw.
Clicando creio que a imagem fica um poco maior


Bem que podia ter ficado um pouco melhor não?!
Pois é... de volta à fase de planejamento.

sexta-feira, março 11, 2011

Marketing viral e as redes sociais

Não digo que seja impossível, mas é deveras improvável encontrar alguém que não tenha acesso à internet e, desse montante de usuários da web, encontar um que não esteja cadastrado/conectado à alguma rede social, qualquer que seja, desde o já decrépito e decadente orkut, até o aclamadíssimo facebook, passando por twitter, blogs, youtube, e por aí vai.

Pois bem, esse crescente número de usuários acaba atraindo a atenção de pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas, que queiram oferecer algum tipo de produto ou serviço. E nesse contexto, aliando-se a facilidade de acesso à internet, a possibilidade de integração de diversas redes sociais e praticamente sem custo algum, surge o Marketing Viral, o equivalente digital do marketing boca-a-boca, só que sem os entraves físicos e geográficos, ou seja, consegue-se alcançar um número supreendentemente grande de potenciais clientes/parceiros/alvos/etc. O padrão de propagação do viral é semelhante ao de uma epidemia, seguindo a chamada curva logística, uma curva de crescimento exponencial.

Um exemplo recente foi uma campanha da cerveja Devassa onde a cantora Sandy simulava um striptease. De imediato e durante alguns dias, minha timeline do twitter, ficou cheia de comentários sobre o tal comercial, tanto de tweets diretos quanto de retweets.


O viral parte do princípio que a mensagem vai ser espalhada pelo próprio público interessado em seu conteúdo, e as pessoas tem maior receptividade a conteúdos enviados por conhecidos/formadores de opinião do que pessoas ou empresas desconhecidas.

Abaixo tem outro exemplo de viral, um vídeo do Youtube que, na época, foi muito divulgado: "O dia em que um sorriso parou São Paulo", da Brastemp.


Muito bom, diga-se de passagem.

Rotineiricidades #1

Não obstante aos seus quarenta aparentes anos de idade, ela era muito bonita, muito mesmo. De uma tez morena e longos cabelos lisos e negros, um rosto belo, forte e expressivo: traços de uma beleza tipicamente amazônica. Transparecia uma altivez sem igual, que eu só vira antes em algumas mães, mães guerreiras, daquelas que matariam por sua prole. Como ela estava sentada, não pude ter certeza de sua altura mas, certamente, não era baixa, não combinaria com os seus olhos, olhos penetrantes e com um quê de uma bruta generosidade.

Não sei como percebi tudo isso nos poucos segundos em que nossos ônibus ficaram lado a lado. Aliás, nem pude ver qual era o ônibus em que ela estava. Podia ser o Canudos, e ela ter sumido na Cipriano Santos, ou aquele Estação Marex que entra na Humaitá, ou qualquer outro, ou até mesmo nenhum ônibus.

Talvez eu possa, simplesmente, tê-la imaginado.

Ou não.