terça-feira, janeiro 08, 2013

Fuga da caverna

A caverna era quente, levemente escura e úmida. Das paredes brotavam raízes e um água fria (proveniente de um temporal recente, talvez?) que se acumulava por todo o chão. O ar era abafado e com forte cheiro de terra e raízes, um cheiro tão forte que era quase palpável. Em meio a isso, uma baça luz banhava do chão enlameado.

O garoto caminhava calmamente, guardando suas energias para combater qualquer eventual inimigo que estivesse à espera do lado de fora. Levava um machado pequeno preso às costas e uma espada longa na mão direita.

Durante todo o trajeto, o gotejar das estalactites, os dentes da caverna, eram constantes e, de certa forma, aconchegantes. O uivo das eventuais correntes de ar, vindas de algum lugar ignorado. A respiração pesada e quente do seu companheiro de jornada alguns passos atrás. Tudo isso fazia com que ele se mantivesse consciente de si mesmo e dos perigos a frente.

Caminharam por horas sem parar. A saída já era visível ao longe e, dessa forma, a tensão na estranha dupla aumentava a cada passo. Como já imaginavam, eram aguardados. O primeiro dos inimigos, um sentinela, andava impaciente de um lado a outro, com a espada ainda embainhada. O garoto se aproximou silenciosamente da saída, o que não impediu que fosse visto.

Quando o alarme foi dado, ele correu os últimos metros e arremessou o machado com precisão no sentinela que corria para enfrentá-lo. Saiu da caverna e viu-se cercado por todos os lados, avaliou os inimigos, sem demonstrar medo algum. Abaixou-se, pondo a espada à frente e entoando, de forma quase inaudível, um mantra muito antigo. Durante algum tempo os atacantes ficaram sem entender aquilo. Até que, por uma fração ínfima de tempo, os olhos do garoto brilharam vermelhos e ele caiu de lado, desmaiado.

Curiosos, os 20 ou 30 inimigos se aproximaram cautelosamente.

Alguns deles nem chegaram a ver o dragão emergir da caverna, voar por cima do garoto inconsciente e começar o massacre, mordendo, arrancando cabeças e braços, cortando com as garras e com a cauda. Rápido, preciso e extremamente letal. Em instantes todos estavam mortos. O dragão parou, andou em volta do garoto, aproximou o focinho do rosto dele, tocou-lhe a testa e ele acordou...

- Eu disse que conseguiríamos!
- Sim. Conseguimos... (respondeu o dragão)