terça-feira, agosto 23, 2011

Viniciu de Moraes - Soneto de Fidelidade

Agora há pouco, em meio a devaneios, peguei-me relembrando desse soneto e, lembrando particularmente, dos dois últimos versos...
















                        ***

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

                        ***
MORAES, Vinicius de. Antologia Poética. Rio de Janeiro: 1960. Pág. 96.

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