sexta-feira, dezembro 07, 2012

Rosas, cerejas, magentas e madressilvas


Foram os quatro meses mais intensos daqueles 30 e poucos anos de vida de ambos. Marcaram o casamento pro início de abril, uma cerimônia simples ao ar livre, com apenas três convidados (sendo dois deles, os padrinhos), em um Parque na cidade onde viviam.

Era uma manhã idílica. A luz do sol fazia com que as cerejeiras em flor refletissem uma miríade de tons cor-de-rosa, cerejas, magentas e, principalmente, madressilvas... O vento, carregado com o odor doce de flores, misturava-se ao leve acre de terra e grama.

Ao pé de uma imensa cerejeira, o sacerdote, de costas para a árvore, celebrava a união. O casal, ajoelhado dois passos a frente, trocava imperceptíveis carícias com as mãos dadas. Os padrinhos margeavam o casal, sentados de pernas cruzadas no gramado, sorrindo da magia daquele momento, enquanto o último convidado assistia a tudo de pé, atrás de todos eles, com um semblante sério.

O vestido dela era simples, mas do mesmo tom dominante das pétalas que caíam suavemente por todo o Parque, o mesmo tom da gravata que ele usava. Não era possível descrever o olhar que eles trocavam enquanto o sacerdote oficiava a cerimônia. Um olhar que prendia, abraçava, um olhar que de dentro, não apenas dos olhos, mas da própria alma de ambos que, nesse momento, parecia una. E, a um sinal do sacerdote, ambos trocaram as alianças e votos, sem mover em nada aquele olhar inebriante.

Foi como se a força do olhar os aproximasse cada vez mais até que, de olhos fechados, tocaram os lábios e um beijo que poderia ter durado toda uma eternidade...

... Mas que acabou interrompido assim que o convidado que estava em pé desmaiou.





Nenhum comentário: