sexta-feira, dezembro 03, 2010
Sêneca e a Brevidade da Vida
"A vida, se souberes viver, é longa. Mas a insaciável ganância domina um; outro, desperdiça sua energia em trabalhos supérfluos; um encharca-se de vinho, outro fica entorpecido pela inércia; um está sempre preocupado com a opinião alheia, outro, por um irreprimido desejo de comerciar, é levado a explorar terras e mares na esperança de obter lucro. O desejo de guerrear tortura alguns, que não se mostram apreensivos em relação aos perigos alheios ou ansiosos em relação aos seus próprios; há aqueles que, voluntariamente, se sujeitam à ingrata adulação dos superiores.
Também há os que se ocupam invejando o destino alheio e desprezando o seu próprio. A grande maioria, sem nenhum objetivo, lança-se a novos propósitos levianamente, encontrando apenas desgosto. Alguns, sem terem dado rumo a suas vidas, são flagrados pelo destino esgotados e sonolentos, de tal maneira que não duvido ser verdade o que disse, como se fosse um oráculo, o maior dos poetas: "Pequena é a parte da vida que vivemos". Pois todo o resto não é vida, mas somente tempo.
Os vícios sufocam os homens e andam à sua volta, não lhe permitindo levantar nem erguer os olhos para distinguir a verdade. Permanecem imersos, presos às paixões, não favorecendo um voltar-se a si próprio [...]"
O trecho advoga por si só. Identifiquei-me com alguns pontos, e você?
Fonte: SÊNECA. Sobre a brevidade da vida. Porto Alegre, RS: L&PM, 2009.
Imagem: Gareth Southwell
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