Na aula de ontem (14/09), o professor de Tópicos Especiais em Administração I, Mário Botelho, questionou uma aluna da seguinte forma: "Você acha que o método de ensino em Administração mudou desde a época em que eu era universitário até agora?". Ela respondeu que sim e se justificou dizendo nos avanços da tecnologia, como uso de data-show, aulas em slides, etc., haviam modificado o modo de ensinar. Em resposta, o professor disse que nada mudou, o método de ensino ainda é o mesmo, o professor fala, o aluno escuta, e assim se dá o processo de ensino-aprendizagem.
De fato isso é verdade, mesmo com a utilização de diversas ferramentas, recursos tecnológicos e dinâmicas, a metodologia de ensino continua a mesma, um modelo onde os acadêmicos participam apenas passivamente do processo. Aluno e professor estão tão acostumados, ou melhor dizendo, condicionados a esse modelo que não percebem que nenhum real conhecimento advém desse modelo. É claro que, nesses moldes, a aprendizagem fica fatalmente prejudicada e desvirtuada. Peter Senge nos nos diz que aprender "não significa adquirir mais informação, mas expandir a capacidade de produzir os resultados que verdadeiramente desejamos na vida" (SENGE, Peter M. The Fifth Discipline: The Art & Practice of The Learning Organization. Doubleday: New York, 1990.).
Ora, então os acadêmicos acumulam informações, fazem alguns trabalhos e provas, recebem um conceito e estão aptos a produzir resultados em uma empresa? Pode-se chamar de, no mínimo, ingênuo ao aluno que imagine-se apto a gerenciar uma empresa ao sair da faculdade.
O mesmo professor que levantou a questão, propôs uma solução: Parcerias entre as faculdades e empresas para proporcionar uma vivência aos alunos, não deixando de lado a parte teórica, e sim complementado-a com experiências reais. Eu, particularmente, vejo pouco professores com esse perfil.
Mas é bom lembrar, que esse interesse em novos moldes deveria partir do aluno, que é o maior interessado num ensino de qualidade e que traga conhecimentos reais. O próprio aluno deve propor mudanças, dinâmicas, práticas, enfim, um mosaico de situações que possam fazer com que ele possa crescer e amuderecer como estudante e profissional ainda na academia, desse modo, ele já entra "ganhando de 1 X 0" no mercado de trabalho, por ser um profissional diferenciado, proativo e aberto à mudanças e inovações.
Um comentário:
Cara, concordo plenamente com o que falas! Esse modelo de educação que predomina no país não permite a seus acadêmicos crescerem, deixando-os como participantes passivos de um processo que deveria ser dialético e mútuo,transformando em treinamento o que deveria ser educação. Quanto a esse assunto, o sociologo brasileiro Maurício Tragtenberg foi muito ferrenho em suas críticas a esse modelo, defendendo uma postura de educação libertária, o que culminou na criação do termo delinquência acadêmica, que descreve essa forma de ensino atual onde alunos são meros espectadores e os mestres e doutores produzem conhecimento apenas para outros mestres e doutores, delimitando o conhecimento em troca de titulações duvidosas e elogios hipócritas. Entretanto, como você demonstra em seu texto, parte desse problema é dos próprios alunos, que se deixam ficar acomodados e não buscam solidificar, expandir e produzir conhecimento. Abraços!
Procura-se viva ou morta a Perfeição!
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