terça-feira, janeiro 17, 2012

Diana Nobre - Do trabalhador dócil ao devir-animal: um viver ético, estético e político em "A Metamorfose" de Franz Kafka

Através do método genealógico de Michel Foucault, este trabalho busca ser um campo de problematizações em torno da questão do trabalho imerso na obra A Metamorfose (2008) de Franz Kafka. Com isso, esta análise percorre desde a docilidade do caixeiro viajante Gregor Samsa até o seu devir-animal, em que se mostra metamorfoseado em barata.

Para tanto, partindo das pistas genealógicas de Michel Foucault, a análise da docilidade de Gregor é discutida através da tríade saber-poder-subjetivação, que estão imanentes na sua organização de trabalho, subjetivando-o, constituindo-o enquanto corpo dócil. Todavia, o caixeiro viajante Gregor encontra linhas de fuga que o fazem resistir às malhas microfísicas de poder deste trabalho, provocando assim rupturas nas mesmas. É neste momento, que discutimos sobre o processo de devir-animal de Gregor, através de Deleuze e Guattari (1997).

Além disso, esse devir-animal é problematizado, através da contribuição de diversos autores, enquanto afirmação do paradigma ético, estético e político, pois, é notório o quanto, a partir de sua metamorfose, Gregor se mostra ao mundo como obra de arte. Nestes termos, através de seu devir animal, Gregor Samsa afirma, diante da vida, o quanto é possível o processo de resistência e rupturas frente às cristalizações das organizações de trabalho. Haja vista que, conforme nos propõe Foucault (1988), onde há poder existe possibilidade de resistência.

Diana Nobre (2011)


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